Qual o tempo ideal de garroteamento?


A coleta de sangue é uma prática comum em diversos procedimentos médicos e laboratoriais, sendo fundamental para diagnósticos precisos e tratamentos adequados. No entanto, alguns cuidados devem ser observados durante esse processo, especialmente em relação ao tempo de garroteamento, que é a prática de aplicar pressão em uma veia com um torniquete.

O que é o garroteamento?

Em suma, o garroteamento é uma técnica utilizada para tornar as veias mais proeminentes, facilitando a inserção da agulha para a coleta de sangue. No entanto, seu uso prolongado pode acarretar em uma série de complicações. Inegavelmente, um dos principais riscos associados ao garroteamento prolongado é a hemólise, que é a ruptura das células sanguíneas. Isso ocorre porque a pressão exercida pelo garrote pode danificar as células, liberando seu conteúdo no plasma sanguíneo e afetando os resultados dos exames laboratoriais.

Além da hemólise, o garroteamento prolongado também pode levar ao aumento da pressão intravascular, resultando no extravasamento de água e eletrólitos do plasma para o espaço extravascular. Por consequência, isso leva ao aumento da concentração de células, enzimas, proteínas e outros elementos ligados a proteínas, como colesterol, cálcio, ferro e triglicérides, fora dos vasos sanguíneos.

E qual é o tempo ideal de garroteamento?

Estudos têm demonstrado que o tempo ideal de garroteamento não deve ultrapassar 1 minuto para evitar essas complicações. Pesquisadores italianos, por exemplo, observaram um aumento significativo de analitos como TGO, TGP, albumina, colesterol total, ferro, cálcio e creatinina no sangue após 1 e 3 minutos de garroteamento (LIPPI et al., 2005).

Um exemplo adicional do impacto do garroteamento prolongado nos resultados dos exames laboratoriais envolve a enzima fosfatase alcalina (FA). A FA é uma enzima encontrada em vários tecidos do corpo, incluindo o fígado, os ossos e os rins. Níveis elevados de FA no sangue podem indicar problemas hepáticos, ósseos ou biliares.

Quais são as implicações do garroteamento prolongado?

Estudos mostraram que o garroteamento prolongado pode levar a um aumento temporário nos níveis de FA no sangue. Isso ocorre porque a pressão do garrote pode causar danos às células dos tecidos onde a FA está presente, levando à liberação da enzima no sangue. Esse aumento artificial nos níveis de FA pode levar a interpretações equivocadas dos resultados dos exames, ressaltando a importância de limitar o tempo de garroteamento durante a coleta de sangue (DUGGAN et al., 2009).

Por fim, para garantir resultados precisos e seguros, é fundamental seguir algumas recomendações durante a coleta de sangue:

  • Preparar todo o material antes da coleta para minimizar o tempo de garroteamento.
  • Remover o garrote assim que o sangue começar a fluir pelo tubo ou seringa.
  • Evitar o garroteamento excessivo ou prolongado, limitando-o a no máximo 1 minuto.
  • Utilizar técnicas adequadas de punção venosa para minimizar o desconforto e os riscos para o paciente.

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Referências:

  • LIPPI, Giuseppe et al. Influence of short-term venous stasis on clinical chemistry testing. Clinical Chemistry and Laboratory Medicine (CCLM), v. 43, n. 8, p. 869-875, 2005.
  • CLSI. Procedures for the Collection of Diagnostic Blood Specimens by Venipuncture; Approved Standard—Sixth Edition. CLSI document GP41-A6. Wayne, PA: Clinical and Laboratory Standards Institute, 2007.
  • DUGGAN, M. A. et al. Effect of tourniquet time on venous blood samples obtained from the cephalic vein in dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 234, n. 12, p. 1569-1572, 2009.