Dengue: da doença ao diagnóstico

A dengue é uma doença viral transmitida principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente em regiões tropicais e subtropicais. Causada pelo vírus da dengue, que pertence à família Flaviviridae e possui quatro sorotipos distintos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), essa doença apresenta um espectro clínico que varia desde formas assintomáticas até quadros graves, como a dengue hemorrágica e a síndrome do choque da dengue, que podem levar à morte.

Os sintomas típicos da dengue incluem febre alta, dor de cabeça intensa, dores no corpo e nas articulações, náuseas, vômitos, fadiga e, em alguns casos, erupções cutâneas. Esses sintomas geralmente aparecem de 4 a 10 dias após a picada do mosquito infectado e podem durar até 10 dias.

Com a crescente incidência da dengue em diversas partes do mundo, torna-se cada vez mais importante o diagnóstico precoce e preciso da doença. O diagnóstico correto não só auxilia no manejo clínico adequado dos pacientes, mas também contribui para a implementação de medidas de controle e prevenção da transmissão do vírus. 

Prof e quais são os exames diagnósticos para dengue?

Os principais exames diagnósticos utilizados atualmente para a dengue são:

Teste NS1:

O que detecta: Detecta o antígeno NS1 do vírus da dengue, sendo eficaz nos primeiros dias de infecção (1 a 5 dias após o início dos sintomas).

Rápido e prático, é ideal para diagnósticos precoces e pode ser realizado em laboratórios ou em campo.

Testes Sorológicos:

O que detecta: Identificam a presença de anticorpos IgM e IgG no sangue do paciente.

O IgM é geralmente detectável a partir do 4º dia de infecção e pode indicar uma infecção recente, enquanto o IgG é detectável após 7 a 10 dias e indica exposição anterior ao vírus.

Reação em Cadeia da Polimerase (PCR):

O que detecta: Técnica molecular que identifica o material genético (RNA) do vírus da dengue.

Altamente sensível e específica, é particularmente útil na primeira semana de infecção para identificar o sorotipo do vírus e confirmar o diagnóstico.

Testes Rápidos Combinados:

O que detecta: Detectam simultaneamente o antígeno NS1 e os anticorpos IgM e IgG em uma única amostra.

Oferecem uma abordagem abrangente e rápida para o diagnóstico da dengue, sendo úteis em ambientes com recursos limitados.

Hemograma:

Embora não seja específico para dengue, pode indicar alterações hematológicas como leucopenia (redução de leucócitos) e trombocitopenia (redução de plaquetas), que são comuns na infecção.

O diagnóstico preciso e oportuno da dengue é crucial para o manejo adequado da doença e para a prevenção de complicações graves. À medida que a ciência avança, novas técnicas e métodos diagnósticos estão sendo desenvolvidos, prometendo maior eficácia e rapidez no diagnóstico desta doença que continua a ser um desafio de saúde pública global.

Colunista,

Biomédico Thiago Nascimento, CRBM 2834

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Referências:

Pang J, et al. (2020). The Use of NS1 Rapid Diagnostic Test and qRT-PCR to Complement IgM ELISA for Improved Dengue Diagnosis from Single Specimen. Scientific Reports, 10(1), 7997.

Fernandez E & Diamond MS. (2021). Vaccination strategies against Zika virus and other flaviviruses. Nature Reviews Immunology, 21(2), 118-133.

Smith KM, et al. (2022). Rapid detection of dengue virus in saliva by reverse transcription loop-mediated isothermal amplification (RT-LAMP) assay. PLOS ONE, 17(1), e0262172.

Gupta N & Tripathi S. (2019). Hematological changes in dengue fever: A review. Hematology & Transfusion International Journal, 7(3), 86-90.