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Saiba mais sobre a leishmaniose

Você como estudante ou profisisonal da saúde tem como obrigação conhecer mais sobre um das principais doenças negligenciadas no mundo todo: a leishmaniose. Globalmente, ela está entre as 10 doenças negligenciadas de maior impacto. Em suma, doenças negligenciadas são aquelas que tendem a afetar populações vulneráveis, e em estado de pobreza. Milhões de pessoas vivem em áreas endêmicas sob risco de infecção, e estima-se que mais de 12 milhões de pessoas estejam infectadas em todo o mundo.

Epidemiologia

Segundo dados da OMS estima-se que todo ano ocorram cerca de 1 milhão de novos casos de Leishmaniose Cutânea (LC) e 30.000 mil de Leishmaniose Visceral (LV). Esta última é a forma mais agressiva da doença, que se não tratada, pode evoluir para o óbito. Em 2022, mais de 90 países foram considerados endêmicos para LC e mais de 80 para LV, sem considerar locais não êndemicos que já haviam notificado casos da doença.

As manifestações clínicas decorrentes da doença variam de acordo com a espécie do parasito em associação com o sistema imunológico do hospedeiro, abrangendo desde lesões cutâneas que podem se curar sozinhas, até doenças viscerais letais. A leishmaniose pode ser dividida em: leishmaniose cutânea, leishmaniose mucocutânea, leishmaniose visceral, também conhecida como kalazar em países do velho mundo e leishmaniose pós-kalazar.

Dados mostram que apenas 4 países do globo concentram 68% dos casos de LV, Sudão, Brasil, Índia e Quênia. De 2001-2021 foram registrados 69.665 novos casos de LV no Brasil, com média anual de 2.488 casos, e uma taxa de letalidade de quase 8%, considerada uma taxa elevada quando em comparação com outros continentes. Segundo dados da OMS, em 2022 o Brasil ocupava a segunda colocação do ranking no número de casos, com 1.684 casos notificados da doença, atrás apenas do Sudão. 

Formas da doença

A forma mais agressiva da doença, a leishmaniose visceral afeta não só humanos, como também animais, que podem ser silvestres ou domésticos. Os cães são os mais afetados em áreas urbanas, com sintomas de febre, apatia e letargia, anemia, descamação e feridas na pele, especialmente ao redor do nariz e orelhas, aumento dos gânglios linfáticos, sangramento nasal, diarreia crônica, hepatoesplenomegalia e uveíte, inflamação ocular que pode levar a problemas de visão. É importante ressaltar que os cães infectados podem permanecerem assintomático por anos, funcionando como reservatórios da doença. Em humanos os sintomas mais comumente associados a doença são: febre prolongada, perda de peso, fraqueza, anemia e aumento do baço e do fígado.

Diagnóstico, tratamento e prevenção

O diagnóstico da doença geralmente envolve exames clínicos, análises laboratoriais, como testes sorológicos para detecção de anticorpos contra o parasita, e biópsia de tecidos afetados.

O tratamento pode variar. Em cães, geralmente envolve terapia medicamentosa com miltefosina e alopurinol para controlar os sintomas e a reprodução do parasita. No entanto, a cura completa pode não ser possível em todos os casos. Por outro lado, em seres humanos, a terapia medicamentosa é mas diversa, e varia dependendo do país. Nesse sentido, pode ser feita com a utilização de antimoniais pentavalentes (primeira escolha), anfotericina B comum ou sua versão lipossomal, que apresenta menor toxicidade e miltefosina.

Atualmente, as únicas formas de prevenção incluem o controle de vetores, como a eliminação de criadouros de mosquitos, uso de repelente e coleiras com inseticidas.

Embora existam esforços para desenvolver vacinas, ainda não há uma amplamente disponível. A prevenção e o controle da leishmaniose visceral continuam sendo um desafio de saúde pública em muitas regiões afetadas.

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Referências bibliográficas:

Alves F., Bilbe G., Blesson S., Goyal V., Monnerat S., Mowbray C., Ouattara GM, Pécoul B., Rijal S., Rode J., et al. Desenvolvimento recente de tratamentos para leishmaniose visceral: sucessos, armadilhas e perspectivas. Clin. Microbiol. Rev. 2018; 31 :1–30.

Scarpini S, Dondi A, Totaro C, Biagi C, Melchionda F, Zama D, Pierantoni L, Gennari M, Campagna C, Prete A, Lanari M. Visceral Leishmaniasis: Epidemiology, Diagnosis, and Treatment Regimens in Different Geographical Areas with a Focus on Pediatrics. Microorganisms. 2022 Sep 21;10(10):1887.

https://www.paho.org/en/topics/leishmaniasis

https://www.who.int/health-topics/leishmaniasis#tab=tab_3