O que é angiogênese?
Hoje você vai entender tudo o que não entendeu nas suas aulas de patologia da faculdade! Vamos falar sobre angiogênese. Em síntese, a angiogênese é o processo pelo qual novos vasos sanguíneos se formam a partir de vasos pré-existentes ou até mesmo do zero. Esse fenômeno é crucial tanto para o desenvolvimento normal dos tecidos quanto para a cicratização. Além disso, o desenvolvimento e crescimento de tumores também é um processo dependente da angiogênese.
Fases da angiogênese
O processo de angiogênese é regulado por um complexo balanço entre sinais pró-angiogênicos e anti-angiogênicos, podendo ser dividida em várias fases:
1. Estimulação por hipóxia:
O principal desencadeador da angiogênese é a hipóxia, ou seja, a falta de oxigênio nos tecidos. Quando as células detectam uma redução na disponibilidade de oxigênio, elas ativam uma série de mecanismos que incluem a liberação de fatores de crescimento, como o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF – vascular endothelial growth factor). O VEGF é o principal fator estimulador da formação de novos vasos sanguíneos.
2. Degradação da matriz extracelular:
Para que novos vasos possam se formar, as células endoteliais que revestem os vasos sanguíneos precisam migrar. Para isso, ocorre a degradação da matriz extracelular circundante, que é mediada por enzimas chamadas metaloproteinases de matriz (MMP). Essas enzimas degradam componentes da matriz, a fim de permitir que as células endoteliais iniciem sua migração.
3. Proliferação e migração de células endoteliais:
Uma vez que a matriz extracelular é degradada, as células endoteliais começam a se proliferar e migrar em direção à área onde há uma necessidade aumentada de oxigênio e nutrientes. Essas células são guiadas pelos fatores de crescimento, especialmente o VEGF, que estimula a proliferação celular e direciona o crescimento dos vasos em formação.
4. Formação de novos vasos:
Conforme as células endoteliais migram, elas começam a se organizar em tubos que darão origem aos novos capilares. Esses tubos, inicialmente, são vasos primitivos e imaturos. À medida que o processo avança, as células endoteliais começam a se diferenciar e se alinhar com o propósito de formar vasos funcionais.
5. Maturação dos vasos:
Por fim, tem-se a estabilização e maturação dos novos vasos. Esse processo é regulado por fatores como a angiopoetina-1 (Ang-1) e o receptor Tie-2, que promovem o recrutamento de células de suporte, como pericitos e células musculares lisas, que envolvem os capilares e tornam os vasos mais estáveis e funcionais.
Regulação da angiogênese
A angiogênese é um processo finamente regulado. Em condições normais, os fatores pró-angiogênicos, como VEGF, equilibram-se com fatores anti-angiogênicos, como a trombospondina-1, para garantir que a formação de novos vasos ocorra apenas quando necessário. Um exemplo claro de angiogênese fisiológica é a cicatrização de feridas, onde novos vasos sanguíneos se formam temporariamente para fornecer nutrientes e oxigênio ao tecido em regeneração.
Por outro lado, a desregulação da angiogênese pode levar a diversas doenças. No câncer, por exemplo, a angiogênese é exacerbada, fornecendo às células tumorais um suprimento contínuo de oxigênio e nutrientes que permite o crescimento do tumor e a capacidade de formar metástases. Os tumores secretam grandes quantidades de VEGF e outros fatores pró-angiogênicos, estimulando a formação de novos vasos ao redor do tecido tumoral.
Angiogênese e terapia
Devido à importância da angiogênese em doenças como o câncer, diversas terapias antiangiogênicas foram desenvolvidas para bloquear o suprimento de sangue aos tumores. Medicamentos como o bevacizumabe, um anticorpo monoclonal que inibe o VEGF, têm sido utilizados para limitar o crescimento tumoral ao interferir na formação de novos vasos sanguíneos. Em contrapartida, em situações como isquemia cardíaca ou doença arterial periférica, a promoção da angiogênese é desejável, pois pode ajudar a restabelecer o fluxo sanguíneo adequado para tecidos comprometidos.
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Referência bibliográfica:
KUMAR, V. et al. Robbins patologia básica.9ª Edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
BOGLIOLO, L. Patologia Geral. 5ª Edição. 2013. Guanabara Koogan.