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Hipertrofia e hiperplasia, qual a diferença?

A patologia, como ciência que estuda as doenças, dedica uma atenção especial às adaptações celulares. Dentre essas, destacam-se a hipertrofia e a hiperplasia, duas respostas celulares a estímulos fisiológicos ou patológicos que podem ocorrer de maneira reversível, dependendo do contexto.

Hipertrofia

Em suma, hipertrofia refere-se ao aumento do tamanho das células, resultando em um aumento do órgão ou tecido. Este aumento não se dá pela multiplicação celular, mas sim pelo aumento do volume dos componentes celulares, como proteínas estruturais e organelas. A hipertrofia ocorre como resposta a um aumento na demanda funcional ou estimulação hormonal.

Um exemplo clássico de hipertrofia fisiológica é a hipertrofia muscular esquelética, que ocorre em resposta ao exercício físico intenso. Neste caso, o estímulo mecânico gera um aumento na síntese de proteínas contráteis, levando ao aumento do volume das fibras musculares. Já a hipertrofia patológica pode ser exemplificada pela hipertrofia cardíaca, frequentemente resultante de hipertensão arterial. O aumento da pressão exige que o coração trabalhe mais para bombear o sangue, resultando em um aumento do tamanho das células cardíacas para acomodar essa demanda aumentada.

Hiperplasia

Hiperplasia, por outro lado, refere-se ao aumento no número de células em um órgão ou tecido, o que também resulta em um aumento do tamanho do órgão ou tecido. Esta resposta adaptativa ocorre sobretudo em tecidos com capacidade proliferativa, como a epiderme, glândulas e mucosas. Em síntese, a hiperplasia pode ser fisiológica ou patológica, dependendo do estímulo.

Um exemplo de hiperplasia fisiológica é a hiperplasia endometrial que ocorre no ciclo menstrual feminino sob influência dos hormônios estrogênio e progesterona, preparando o útero para uma possível gravidez. Na hiperplasia patológica, um exemplo comum é a hiperplasia prostática benigna, onde o tecido prostático aumenta em resposta a estímulos hormonais, como os andrógenos, resultando em obstrução urinária.

Reversibilidade das lesões

Tanto a hipertrofia quanto a hiperplasia são consideradas lesões reversíveis, pois podem regredir uma vez que o estímulo que as causou é removido. A reversibilidade está relacionada à capacidade das células e tecidos de voltar ao seu estado original após a cessação do estímulo estressor.

Na hipertrofia, por exemplo, se um atleta parar de realizar exercícios intensos, o estímulo para o aumento do tamanho muscular cessa, levando à atrofia muscular e retorno ao tamanho normal das fibras musculares. No caso da hipertrofia cardíaca, o controle eficaz da hipertensão pode reduzir a sobrecarga no coração, possibilitando uma redução no tamanho das células cardíacas hipertrofiadas.

Com a hiperplasia, a reversibilidade também depende da remoção do estímulo. No caso da hiperplasia endometrial, após o fim do ciclo menstrual, a retirada do estímulo hormonal faz com que o endométrio descame, retornando ao seu estado basal. Por fim, na hiperplasia prostática benigna, tratamentos hormonais ou cirúrgicos podem reduzir o estímulo androgênico, levando à redução do tecido prostático aumentado.

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Referência bibliográfica:

KUMAR, V. et al. Robbins patologia básica.9ª Edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

BOGLIOLO, L. Patologia Geral. 5ª Edição. 2013. Guanabara Koogan.