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Antissepsia, assepsia e microbiota da pele

O álcool 70% é um dos agentes antissépticos mais utilizados em ambientes clínicos, laboratoriais e até no cotidiano. Sua eficácia na eliminação de microrganismos é amplamente reconhecida, mas poucos sabem que, ao mesmo tempo em que protege contra patógenos, o uso frequente também pode interferir no equilíbrio da microbiota cutânea. Para entender esse impacto, é importante conhecer os conceitos fundamentais de antissepsia, assepsia e microbiota.

Antissepsia e assepsia: qual a diferença?

  • Antissepsia refere-se ao uso de substâncias químicas (como o álcool 70%) para eliminar ou inibir microrganismos presentes em tecidos vivos, especialmente na pele e mucosas.
  • Assepsia, por sua vez, envolve técnicas para manter um ambiente estéril, prevenindo a entrada de microrganismos em locais críticos, como centros cirúrgicos, laboratórios ou materiais hospitalares.

Embora parecidos, os dois conceitos se complementam: a assepsia busca prevenir a contaminação; a antissepsia atua diretamente sobre microrganismos já presentes.

A microbiota da pele: nossa defesa invisível

A pele humana abriga uma rica microbiota formada por bactérias, fungos e vírus que coexistem de forma simbiótica com o organismo. Esses microrganismos contribuem para:

  • A manutenção da integridade da barreira cutânea;
  • A modulação da resposta imune;
  • A inibição da colonização por patógenos, competindo por nutrientes e espaço.

Espécies como Staphylococcus epidermidis, Cutibacterium acnes e Corynebacterium spp. são exemplos comuns de habitantes naturais da pele saudável. A composição da microbiota cutânea varia conforme a região do corpo, o tipo de pele, idade, sexo e hábitos de higiene.

Como o álcool 70% age e o que ele afeta?

O álcool 70% é altamente eficaz porque possui uma concentração ideal para penetrar nas membranas celulares dos microrganismos, promovendo a desnaturação de proteínas e a morte celular. Concentrações maiores evaporam rapidamente e não têm o mesmo tempo de ação.

No entanto, o uso repetitivo do álcool na pele pode levar a consequências como:

  • Redução da diversidade microbiana, incluindo microrganismos comensais importantes para o equilíbrio da pele;
  • Ressecamento e descamação, por danos à camada lipídica natural;
  • Alterações no pH cutâneo, prejudicando a função de barreira e abrindo espaço para infecções oportunistas.

Embora o objetivo da antissepsia seja reduzir a carga microbiana patogênica, o uso indiscriminado de agentes como o álcool pode comprometer também a microbiota benéfica, especialmente quando não há hidratação ou cuidado posterior com a pele.

Uso consciente é essencial

Em ambientes laboratoriais e clínicos, o uso de antissépticos como o álcool 70% é indispensável. No entanto, sua aplicação deve ser feita com responsabilidade e conhecimento técnico.

Profissionais da saúde e estudantes que atuam com microbiologia, controle de infecções e procedimentos laboratoriais precisam estar atentos não apenas à eficácia dos produtos, mas também aos seus impactos biológicos, especialmente quando o assunto envolve a complexidade das interações microbianas na pele.

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