Já ouviu falar da doença do suor?

A doença do suor ou “Sudor Anglicus” foi uma misteriosa e devastadora epidemia que acometeu a Inglaterra durante o período Tudor, especialmente entre 1485 e 1551. Essa doença ganhou notoriedade por sua rapidez e letalidade, afetando principalmente as classes mais altas da sociedade, incluindo membros da corte. Embora sua causa nunca tenha sido completamente esclarecida, algumas teorias sugerem que possa ter sido um vírus transmitido por roedores ou mosquitos, semelhante ao hantavírus.

Descrita como uma enfermidade de início súbito, seus sintomas incluíam calafrios intensos, febre, dores no corpo e uma sensação de pânico e ansiedade. No entanto, o sintoma mais marcante era a profusa transpiração, que dava nome à doença. Aqueles que contraíam a enfermidade muitas vezes faleciam em questão de horas após o início dos sintomas. A rapidez da morte e a imprevisibilidade de quem seria afetado criaram pânico generalizado em várias regiões da Inglaterra.

Um pouco de história

Durante o reinado de Henrique VIII, a doença do suor atingiu a corte real, causando grande apreensão. Entre os membros da nobreza afetados estava a rainha da Inglaterra e a segunda esposa de Henrique VIII, Ana Bolena, que quase perdeu a vida em uma das epidemias. De acordo com Marie Louise Bruce, em sua biografia de Ana Bolena, e também com Antonia Fraser, o episódio de 1528 foi particularmente alarmante para a corte. Ana contraiu a doença enquanto estava em Londres, mas se recuperou após se isolar no campo, o que era uma prática comum para tentar evitar o contágio.

Como a doença do suor surgiu?

A origem da doença continua a ser um ponto de debate entre historiadores e cientistas. Estudos recentes, como os de Carlson e Hammond (1999) e Wylie e Collier (1981), sugerem que o “Sudor Anglicus” pode ter sido causado por uma cepa de hantavírus, embora essa teoria ainda não tenha sido amplamente comprovada. A hipótese de que a doença era provocada por um agente viral semelhante aos hantavírus modernos é sustentada pela semelhança dos sintomas observados em ambas as doenças, especialmente a febre hemorrágica e a rápida progressão. Contudo, até os dias de hoje não se há certeza do causador e não se entende a doença por completo.

No entanto, o impacto da Doença do Suor sobre a sociedade Tudor foi inegável. As frequentes ondas da doença afetaram a vida política, social e econômica da Inglaterra, causando um profundo sentimento de incerteza. Apesar de seu desaparecimento repentino após 1551, a Doença do Suor deixou uma marca duradoura na história da Inglaterra, especialmente por sua associação com figuras importantes da monarquia Tudor.

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Referências:

Bridson, E (2001). «The English ‘sweate’ (Sudor Anglicus) and Hantavirus pulmonary syndrome». British Journal of Biomedical Science. 58 (1): 1–6. PMID: 11284216

Carlson, J. R.; Hammond, P. W. (1999). «The English Sweating Sickness (1485-c.1551): A New Perspective on Disease Etiology». Journal of the History of Medicine and Allied Sciences. 54: 23–54. DOI: 10.1093/jhmas/54.1.23

Dyer, A (1997). «The English sweating sickness of 1551: An epidemic anatomized». Medical History. 41 (3): 362–384. DOI: 10.1017/S0025727300062724

FRASER, Antonia. As seis mulheres de Henrique VIII. Tradução de Luiz Carlos do Nascimento e Silva. 2ª ed. Rio de Janeiro: Best Bolso, 2010.

IVES, Eric. The life and death of Anne Boleyn. UK: Blackwell Publishing, 2010.

Wylie, J. A.; Collier, L. H. (1981). «The English Sweating sickness (sudor Anglicus): A reappraisal». Journal of the History of Medicine and Allied Sciences. 36 (4): 425–445. DOI: 10.1093/jhmas/xxxvi.4.425