Proteinúria
A proteinúria é a presença anormal de proteínas na urina e representa um dos achados laboratoriais mais importantes para a detecção precoce de lesão renal. Em situações normais, os rins atuam como filtros altamente seletivos: eles permitem a passagem de água e pequenas moléculas, mas impedem a perda de proteínas plasmáticas, principalmente da albumina, a proteína mais abundante no plasma.
Quando proteínas começam a aparecer na urina em quantidade acima do esperado, algo está interferindo na integridade dos glomérulos, túbulos renais ou nas vias urinárias. Por isso, a proteinúria é considerada um sinal de alerta e um dos marcadores mais precoces de doença renal.
Como ocorre a proteinúria?
O sangue chega aos rins através dos glomérulos, estruturas responsáveis por filtrar o plasma. Quando o filtrado glomerular passa pelos túbulos renais, ocorre reabsorção de nutrientes, água e pequenas proteínas. Assim, apenas uma quantidade mínima de proteína deve aparecer na urina.
Pode ocorrer por três mecanismos principais:
Glomerular: falha no filtro do rim
A barreira glomerular perde seletividade e proteínas maiores, como a albumina, passam para a urina.
Exemplo: nefropatia diabética.
Tubular: problema na reabsorção tubular
Os túbulos não conseguem reabsorver proteínas filtradas.
Exemplo: intoxicação por metais pesados, nefrites intersticiais.
Pós-renal: inflamação nas vias urinárias
Proteínas aparecem na urina por inflamações na bexiga, uretra ou próstata.
Exemplo: infecção urinária.
Existe ainda a chamada proteinúria ortostática, que ocorre em jovens saudáveis e só aparece quando o indivíduo fica em pé, sem significado patológico.
Quando suspeitar de proteinúria?
A proteinúria não causa sintomas diretamente, mas alguns sinais podem ser observados:
- Urina espumosa (indicativo de perda de albumina)
- Edema em torno dos olhos, tornozelos ou pernas
- Aumento de peso por retenção de líquidos
Em casos graves, como na síndrome nefrótica, o paciente pode apresentar:
- Edema generalizado
- Hiperlipidemia
- Hipoalbuminemia
Métodos laboratoriais para detecção da proteinúria
O laboratório é essencial para o diagnóstico e acompanhamento da proteinúria. Os principais métodos são:
EAS (Exame de Urina tipo I)
É a primeira etapa da triagem. Utiliza fita reagente que muda de cor conforme a concentração de proteína.
- Vantagens: rápido, simples e barato
- Limitação: detecta principalmente albumina, podendo não identificar outras proteínas
Exame de Sedimento Urinário
Complementa o EAS, permitindo observar presença de cilindros hialinos ou granulosos, que sugerem dano renal.
Relação Proteína/Creatinina urinária
Método prático que quantifica proteína em uma amostra isolada de urina.
Proteinúria de 24 horas
É considerada a forma mais precisa de quantificação.
Valores de referência:
- Até 150 mg/24h → normal
- 150 mg a 3,5 g/24h → proteinúria moderada
- Acima de 3,5 g/24h → síndrome nefrótica
A presença de proteinúria persistente indica necessidade de investigação complementar, como eletroforese de proteínas urinárias e avaliação de função renal (ureia e creatinina).
Principais causas de proteinúria
A proteinúria pode ser causada tanto por doenças renais quanto por condições sistêmicas:
- Diabetes mellitus (principal causa de doença renal crônica no mundo)
- Hipertensão arterial
- Glomerulonefrites
- Doenças autoimunes (como lúpus eritematoso sistêmico)
- Pré-eclâmpsia (gestantes)
- Infecções urinárias
- Atividade física intensa
- Desidratação severa
A detecção precoce da proteinúria pode ser o primeiro passo para evitar a progressão para insuficiência renal.
Por que a proteinúria é tão importante?
Porque ela é um marcador precoce de lesão renal.
Pacientes com diabetes, hipertensão ou histórico familiar de doença renal devem fazer acompanhamento frequente. A avaliação da proteinúria é usada como indicador de:
- gravidade da lesão renal,
- risco de progressão para insuficiência renal,
- resposta ao tratamento.
Além disso, o controle da proteinúria está associado a menor risco de eventos cardiovasculares. A proteinúria não é um diagnóstico em si, mas um sinal clínico valioso. Detectá-la e quantificá-la permite identificar precocemente doenças que podem comprometer a função renal de forma irreversível.
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