,

A explicação por trás do déjà-vu

Você já teve a sensação de que algo já aconteceu antes, mesmo sabendo que não deveria ter acontecido? Ou de estar em um lugar familiar, mas que parece estranho ao mesmo tempo? Esse fenômeno é conhecido como déjà-vu.

O déjà-vu é definido como uma sensação de familiaridade inesperada, onde um momento atual parece já ter sido vivido anteriormente, mas sem que exista uma memória clara que justifique essa percepção. Apesar de parecer algo místico ou inexplicável, a ciência oferece algumas teorias para compreender o que acontece no cérebro nesses momentos.

O que é o déjà-vu do ponto de vista científico?

Pesquisas sugerem que o déjà-vu pode ser causado por um “descompasso” neural. Esse fenômeno ocorre quando o cérebro processa simultaneamente informações sensoriais do presente (o que estamos vivenciando) e memórias armazenadas. No entanto, se houver um pequeno erro ou atraso na comunicação entre essas áreas, pode surgir a sensação de que o evento atual já foi vivenciado antes.

Uma hipótese muito explorada está relacionada ao papel do glutamato, um dos principais neurotransmissores excitadores do sistema nervoso central. O glutamato é essencial para a formação, o armazenamento e a recuperação de memórias. Alterações temporárias na atividade do glutamato podem interferir no hipocampo, uma região do cérebro responsável por organizar e consolidar memórias. Quando isso ocorre, o cérebro pode interpretar erroneamente informações novas como sendo memórias antigas, gerando a sensação de déjà-vu.

Por que isso acontece?

O déjà-vu pode ser interpretado como um “erro” inofensivo na forma como o cérebro reconhece e armazena memórias. Algumas pesquisas indicam que esse fenômeno é mais comum em pessoas jovens e tende a diminuir com o envelhecimento. Ele também é relatado frequentemente em situações de fadiga, estresse ou distrações intensas, que podem afetar a forma como as informações são processadas.

De maneira interessante, o déjà-vu também tem sido estudado em relação a pessoas com epilepsia, especialmente aquelas com crises focais originadas no lobo temporal (região onde se localiza o hipocampo). Nesses casos, o déjà-vu pode ser um sintoma de atividade anormal dos neurônios dessa região.

Embora o déjà-vu ainda não seja completamente compreendido, as evidências sugerem que ele está relacionado a uma integração momentaneamente defeituosa entre o processamento sensorial e a memória. Ele nos lembra de como o cérebro é incrivelmente complexo e como até mesmo pequenos “curto-circuitos” podem resultar em experiências subjetivas tão marcantes.

Gostou?

Se você deseja aumentar seus conhecimentos sobre esse e outros assuntos, a Plataforma Cursau pode te ajudar. Nossa equipe de consultores está pronta para ajudar você a entender como nossas aulas podem complementar sua formação e aumentar seu índice de empregabilidade.

👉 Clique AQUI e fale com nossos consultores agora mesmo!

Referências bibliográficas:

  1. Brown, A. S. (2004). “The Déjà Vu Experience.” Psychological Bulletin.
  2. O’Connor, A. R., & Moulin, C. J. (2010). “Recognition without identification: a common trigger of the déjà vu experience.” Consciousness and Cognition, 19(3), 983-992.
  3. Spatt, J. (2002). “Déjà vu: Possible parahippocampal mechanisms.” Journal of Neuropsychiatry and Clinical Neurosciences, 14(1), 6-10.
  4. Brázdil, M., Mareček, R., Urbánek, T., et al. (2012). “Unveiling the mystery of déjà vu: The structural anatomy of déjà vu.” Cortex, 48(9), 1240-1243.
  5. Kovacs, Z. I., et al. (2021). “Glutamate neurotransmission in hippocampal function and memory processing.” Nature Reviews Neuroscience.
  6. Adachi, N., et al. (1999). “Déjà vu experiences in patients with epilepsy: Incidence and significance.” Epilepsia, 40(4), 442-447.