Troponina ultrassensível no infarto agudo do miocárdio

Durante a graduação você com certeza já ouviu falar em infarto agudo do miocárdio (IAM) e dos marcadores cardíacos para diagnosticar essa condição. A troponina inclusive é um desses marcadores. Mas qual é a diferença do exame de troponina para o de troponina ultrassensível? Já ouviu falar nesse tipo de exame? Sabe como realizar e qual a sua importância no diagnóstico de IAM? Leia até o final para entender melhor.

Primeiro de tudo, é importante entender que o diagnóstico precoce e preciso de um IAM é crucial para garantir o tratamento adequado e a redução de complicações e de óbitos. Nesse contexto, os primeiros exames realizados são o eletrocardiograma (ECG) e os exames bioquímicos de marcadores cardíacos.

Muitas vezes o resultado do ECG não é indicativo de IAM, sendo os marcadores cardíacos essenciais para confirmação do diagnóstico pelo médico. Daí entra o exame de troponina ultrasensível que surgiu como uma ferramenta revolucionária.

Por que a troponina ultrassensível é tão importante para o diagnóstico de IAM?

A troponina é uma proteína encontrada nas células do músculo cardíaco.

Durante um infarto, uma obstrução arterial por placa de ateroma ou trombos, interrompe o fluxo sanguíneo para uma parte do coração. Isso resulta em lesão isquêmica das células cardíacas e morte celular por necrose. A troponina é liberada na corrente sanguínea semelhante a outros marcadores como a mioglobina, CK e CKMB, funcionando como marcadores de lesão cardíaca. Contudo, as troponinas apresentam uma maior especificidade para o tecido cardíaco.

A troponina ultrasensível nada mais é do que uma versão aprimorada do teste tradicional de troponina, sendo capaz de detectar concentrações extremamente baixas dessa proteína,. Isso permite um diagnóstico mais sensível e precoce do IAM. Ou seja, mesmo que o paciente esteja infartando há pouco tempo ou a extensão da lesão ainda é muito pequena, a concentração de troponina no sangue ainda estará muito baixa. Nesse caso, o exame de troponina ultrassensível será capaz de detectar essa proteína mesmo nessas situações devido à sua alta sensibilidade.

Além disso, esse exame é altamente específico e ajuda a diferenciar um infarto de outras condições cardíacas ou não cardíacas. Dentre outras características, a troponina ultrassensível é fundamental para o acompanhamento da lesão pelo médico, sendo solicitado geralmente a cada 2 ou 3 horas após a entrada no hospital. É ainda capaz de avaliar a gravidade do infarto, o risco de complicações subsequentes e a monitorar a eficácia do tratamento.

Como realizar o exame de troponina ultrassensível?

  1. Primeiramente será feita a coleta da amostra por meio de uma punção venosa no tubo de soro.
  2. Em seguida, a amostra é encaminhada para o laboratório para ser processada. Obtem-se então o soro que é onde será feita a quantificação da troponina.
  3. A técnica empregada é a quimiluminescência, uma técnica extremamente sensível e capaz de detectar pequenas concentrações de uma substância.
  4. Os resultados então são expressos em nanogramas por mililitro (ng/mL). Os valores de referência giram em torno de < 0,04 ng/mL. No entando, esses valores variam de laboratório para laboratório visto que ele pode ser ajustado de acordo com uma população específica.

A partir desses resultados então, o médico será capaz de direcionar o melhor tratamento e conduta clínica para o paciente.

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Referências bibliográficas:

APPLE, F. S.; LER, R.; MURAKAMI, M. M. Determination of 19 cardiac troponin I and T assay 99th percentile values from a common presumably healthy population. Clinical Chemistry, v. 58, n. 11, p. 1574-1581, 2012.

APPLE, F. S. et al. Analytical Characteristics of High-Sensitivity Cardiac Troponin AssaysClinical Chemistry, v. 58, n. 1, p. 54–61, 2012.