Como é feita a cultura de secreções?
Se você é biomédico ou trabalha com análises clínicas, você precisa dominar a técnica de cultura de secreções. Esse tipo de cultura é de vital importância no diagnóstico e manejo de diversas doenças pulmonares, como pneumonia, bronquite, tuberculose e fibrose cística. Em resumo, seu propósito central é identificar os microrganismos presentes nas vias respiratórias do paciente, fornecendo insights cruciais para guiar o tratamento apropriado e eficaz.
Só para exemplificar, os microrganismos patogênicos mais frequentes no trato respiratório superior incluem Streptococcus pyogenes, Streptococcus betahemolíticos dos grupos C e G, S. pneumoniae, H. influenzae, Moraxella catarrhalis e S. aureus.
A cultura de secreções também pode ser solicitada para identificar pacientes assintomáticos infectados com S. aureus resistentes à oxacilina, prevenindo a disseminação hospitalar. Similarmente, no trato respiratório inferior, podem ocorrer infecções por S. pneumoniae, H. influenzae, S. aureus, M. catarrhalis, K. pneumoniae, E. coli, P. aeruginosa, A. baumannii e Aspergillus spp.
O processo da cultura de secreções respiratórias segue os seguintes passos:
Coleta da Amostra:
Em primeiro lugar, é essencial obter uma amostra adequada de secreção respiratória do paciente, utilizando métodos como escarro induzido, aspiração traqueal, lavagem broncoalveolar ou swab nasofaríngeo. A coleta de escarro requer um jejum mínimo de 4 horas e é preferencialmente realizada pela manhã, garantindo uma representação precisa do microbioma respiratório.
Preparação da Amostra:
Posteriormente, a amostra é processada e preparada para cultura microbiológica. Isso pode envolver sua diluição em solução salina estéril e dispersão uniforme em meios de cultura adequados para estimular o crescimento bacteriano.
Inoculação nos Meios de Cultura:
A amostra processada é então inoculada em placas de Petri contendo meios de cultura seletivos e diferenciais, projetados para favorecer o crescimento de microrganismos respiratórios. Entre esses meios estão ágar sangue, ágar MacConkey e ágar chocolate, dependendo das suspeitas bacterianas.
Incubação:
As placas de cultura inoculadas são então incubadas a 37°C, permitindo a multiplicação dos microrganismos presentes e a formação de colônias visíveis.
Exame e Identificação das Colônias:
Após a incubação, as placas são examinadas visualmente para identificar o crescimento bacteriano. Posteriormente, as colônias resultantes são submetidas a testes bioquímicos e, ocasionalmente, moleculares, para identificar as espécies bacterianas e sua susceptibilidade a antibióticos.
Relatório de Resultados:
Por fim, os resultados são registrados e comunicados ao médico, orientando o tratamento com base na susceptibilidade dos microrganismos identificados e fornecendo informações sobre o prognóstico e resposta ao tratamento.