Entenda o ciclo da estrongiloidíase
A estrongiloidíase é uma helmintíase causada pelo Strongyloides stercoralis, um nematoide que afeta principalmente o intestino delgado de seres humanos. Essa parasitose tem uma distribuição global, mas é mais prevalente em regiões tropicais e subtropicais, onde as condições de higiene e saneamento básico são inadequadas. A estrongiloidíase pode variar desde uma infecção assintomática até formas graves e potencialmente fatais, especialmente em indivíduos imunocomprometidos.
Ciclo da estrongiloidíase
Fase de vida livre
Na fase de vida livre, os ovos de S. stercoralis eclodem no ambiente, liberando larvas rabditóides (L1). Essas larvas podem seguir então dois caminhos: se tornarem larvas de vida livre, que acasalam e produzem novos ovos que eclodem em larvas rabditóides, perpetuando a fase de vida livre. Por outro lado, as larvas rabditóides podem se desenvolver diretamente em larvas filarióides (L3), que são a forma infectante.
Fase de vida parasitária
As larvas filarióides infectantes (L3) penetram na pele humana, geralmente através de pés descalços em contato com solo contaminado. Desse modo, elas entram na circulação sanguínea e linfática, migrando para os pulmões. Nos pulmões, as larvas rompem os capilares alveolares e entram nos alvéolos, de onde ascendem pelo trato respiratório até a faringe. Após serem deglutidas, elas chegam ao trato gastrointestinal, onde se desenvolvem em fêmeas adultas no intestino delgado.
Reprodução
As fêmeas adultas no intestino são partenogenéticas, ou seja, podem produzir ovos sem a necessidade de acasalamento com machos. Esses ovos se desenvolvem em larvas rabditóides, que são liberadas nas fezes ou podem se desenvolver diretamente em larvas filarióides no intestino. As larvas rabditóides que são excretadas nas fezes podem seguir o ciclo de vida livre ou se desenvolver em larvas filarióides que reiniciam o ciclo de infecção.
Estrongiloidíase e autoinfecção
Um aspecto notável do S. stercoralis é a possibilidade de autoinfecção. Algumas larvas rabditóides podem se transformar em larvas filarióides dentro do próprio intestino, penetrando a mucosa intestinal ou a pele perianal, entrando novamente na circulação e completando o ciclo sem deixar o hospedeiro. Essa autoinfecção pode resultar em infecções crônicas e, em casos de imunossupressão, pode levar à estrongiloidíase disseminada, uma condição grave com altas taxas de mortalidade.
Manifestações clínicas e diagnóstico da estrongiloidíase
A estrongiloidíase pode ser assintomática ou apresentar sintomas gastrointestinais, pulmonares e cutâneos. Em infecções leves, os sintomas incluem dor abdominal, diarreia, náusea e erupções cutâneas na região de entrada das larvas. Em casos mais graves, particularmente em indivíduos imunossuprimidos, o parasita pode causar infecções disseminadas, envolvendo múltiplos órgãos e levando a complicações fatais.
O diagnóstico é geralmente feito através da identificação de larvas em amostras de fezes, mas testes sorológicos também podem ser úteis em casos de infecções crônicas ou disseminadas. O tratamento é realizado com medicamentos antiparasitários, como ivermectina ou albendazol.
A estrongiloidíase destaca a importância de medidas de saneamento básico e de higiene pessoal, como o uso de calçados, para prevenir a infecção, especialmente em áreas endêmicas. Além disso, o manejo adequado de pacientes imunocomprometidos é crucial para evitar a progressão para formas graves da doença.
Gostou? Conheça nossos treinamentos:
Curso de coleta
Plataforma cursau (com mais de 800H de conteúdo e grupo vip)
Pós graduações: micro, análises e perícia
Referência bibliográfica:
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: 1. Neves, DP. Parasitologia Humana, 11ª ed, São Paulo, Atheneu, 2005.