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Artefatos em lâminas de sangue

A análise de lâminas de sangue é uma ferramenta fundamental em laboratórios de análises clínicas e hematologia. Por meio dela, é possível observar características morfológicas das células sanguíneas, identificar alterações patológicas e auxiliar no diagnóstico de diversas doenças. Contudo, a interpretação correta das lâminas depende da qualidade da amostra e da preparação, pois interferências conhecidas como artefatos podem comprometer a avaliação.

Artefatos em lâminas de sangue são alterações visuais ou estruturais não naturais, introduzidas durante a coleta, preparo, coloração ou manipulação da amostra. Eles não refletem características reais das células ou do plasma, mas sim imperfeições técnicas que podem levar a erros na análise microscópica.

Origem dos artefatos

Os artefatos podem surgir em várias etapas do processo laboratorial, desde a coleta até a observação da lâmina:

  • Coleta inadequada: Hemólise, má anticoagulação, demora na preparação da lâmina;
  • Preparo da lâmina: Espalhamento incorreto do sangue na lâmina, volume excessivo ou insuficiente de sangue, secagem inadequada;
  • Coloração: Excesso ou deficiência de corante, tempo inadequado de coloração, lavagem incorreta da lâmina;
  • Manuseio: Exposição ao calor, pressão excessiva na lamínula, contaminação por partículas externas.

Tipos comuns de artefatos

  • Artefatos de secagem: Manchas ou cristais que aparecem quando a lâmina seca muito rápido ou de maneira desigual, podendo distorcer as células.
  • Hemólise artificial: Ruptura das hemácias causada por manipulação incorreta da amostra, como agitação excessiva, o que pode simular anemia hemolítica.
  • Formação de cristais: Deposição de cristais de corantes ou sais pode causar pontos ou linhas que confundem a análise.
  • Falhas na coloração: Áreas descoloridas ou com excesso de corante, dificultando a identificação celular.
  • Borrões ou manchas: Resultantes do contato com a lamínula ou do uso inadequado do espalhador.
  • Bolhas de ar: Podem interferir na visualização e serem confundidas com vacúolos ou outras estruturas celulares.

Impacto dos artefatos na análise

Artefatos podem dificultar ou até inviabilizar a interpretação correta da lâmina, levando a:

  • Diagnósticos errôneos ou inconclusivos;
  • Necessidade de recolhimento e repetição do exame;
  • Perda de tempo e recursos;
  • Risco de atrasos no tratamento do paciente.

Por isso, a identificação e a diferenciação entre alterações reais e artefatos são habilidades essenciais para profissionais da área laboratorial.

Como evitar

Para minimizar a ocorrência de artefatos, algumas boas práticas devem ser seguidas:

  • Realizar a coleta com técnica adequada e utilizar anticoagulantes corretos;
  • Preparar as lâminas logo após a coleta, evitando atrasos que comprometam a qualidade;
  • Controlar o volume de sangue na lâmina e usar técnica correta de espalhamento;
  • Padronizar os procedimentos de coloração e lavagem;
  • Manusear as lâminas com cuidado para evitar danos físicos;
  • Realizar treinamento contínuo dos profissionais responsáveis pela preparação e análise.

Artefatos em lâminas de sangue são interferências técnicas que podem comprometer significativamente a qualidade da análise laboratorial. Conhecer suas causas, tipos e formas de prevenção é fundamental para garantir resultados confiáveis e precisos, auxiliando no diagnóstico correto e na tomada de decisão clínica.

A habilidade para reconhecer esses artefatos e diferenciá-los de alterações patológicas faz parte do conhecimento essencial do profissional de laboratório, sendo um diferencial para a excelência na prática laboratorial.