O biomédico nas análises clínicas

Fala biomédico, beleza? Tem interesse em atuar na área de análises clínicas? Esse post então é perfeito para você! Hoje vamos conferir uma entrevista com o professor Thiago Nascimento da @biodepressina, contando um pouco sobre a sua trajetória como biomédico analista clínico.

Em que ano você se formou?

Eu me formei em 2014 no Centro Universitário Filadelfia (Unifil), uma universidade da cidade de Londrina, Paraná.

Dentre as áreas de biomedicina, por que optou por análises clínicas?

Análises clínicas era a habilitação ofertada na minha faculdade assim como na maioria das faculdades de biomedicina do Brasil. Foi uma forma de me inserir no mercado de trabalho sem precisar de uma especialização. Meu primeiro trabalho foi durante a faculdade como técnico de laboratório, e por um período também trabalhei na área de microbiologia. Assim que eu me formei, fui trabalhar em um laboratório de toxicologia e análises clínicas, fazendo coleta e análise de material toxicológico. Porém, fiquei nessa área por pouco tempo porque logo em seguida, passei no mestrado e dei seguimento na área da pesquisa e docência.  

Quais os maiores desafios você enfrentou no mercado de trabalho?

Um dos maiores desafios foi a autossabotagem. Todo mundo se questiona se tem conhecimento suficiente e se está capacitado para certos tipos de trabalhos. Por exemplo, fiz alguns plantões por 3 meses em um hospital veterinário no início do mestrado. Eu liberava resultados e processava as amostras dos animais. Mas por ser recém-formado, eu tinha muita insegurança e sentia a necessidade de ter um professor para consultar quando tinha alguma dúvida. E muitos alunos tem dificuldade também de se comunicar, se expressar e saber pedir ajuda, perdendo grandes oportunidades apesar de terem bons currículos.

Como você acha que um analista clínico pode se destacar e conseguir bons empregos, mesmo sendo inexperiente?

Fazendo treinamentos e especializações. E eu não falo isso só porque temos especializações na cursau, mas sim porque a faculdade hoje é um novo ensino médio. Não generalizando, mas é muito mais comum as pessoas entrarem na faculdade hoje em dia do que há alguns anos. Meu pais não fizeram faculdade, assim como o de boa parte dos que estão lendo esse texto. Mas com certeza os nossos netos ingressarão no ensino superior. Então, se especializar é fundamental independente da área que você for se habilitar, além de ter boas conexões, buscar experiências práticas e estágios para entender como funciona a rotina real daquela área.

Quando foi seu primeiro contato com a análises clínicas?

Meu primeiro contato com análises clínicas foi ainda na faculdade fazendo os estágios obrigatórios. Depois de um tempo, comecei a trabalhar na faculdade como técnico de anatomia, depois como técnico agrícola e por fim como técnico de análises clínicas. E depois quando eu me formei, fui trabalhar no laboratório de análises clínicas e toxicologia. Posteriormente, eu fui professor de estágio de análises clínicas, dando aula de bioquímica clínica. Nesse estágio eu analisava com os alunos amostras de liquor e escarro que eu conseguia em hospitais.

O que te inspira a seguir nessa área?

A biomedicina é um curso que está crescendo muito, temos cada vez mais biomédicos no país. Por um lado, isso é bom, no entanto, fica um alerta para os recém-formados. Não basta ser bom, é necessário se destacar fazendo sempre novos cursos, treinamentos e ter certificações, porque ter só o diploma não te posiciona no mercado de trabalho. Então o que me incentiva a seguir na área é saber que a biomedicina está crescendo e que o futuro vai ser cada vez mais tecnológico e atualizado, trazendo novas oportunidades de emprego.  

Em relação a salário, o que você ganha atualmente era o que esperava?

Bom, a minha vida mudou drasticamente. Para vocês terem uma ideia, o meu primeiro salário foi em torno de 550 reais trabalhando meio período como técnico. Antes disso eu fui estagiário e trabalhei voluntariamente. Depois que eu me formei, eu continuei trabalhando por um tempo como técnico, ganhando um pouco a mais e simultaneamente fui trabalhar no laboratório de análises clínicas e toxicologia. O máximo que eu ganharia nessa situação seria em torno 2 mil reais, somando os dois salários e trabalhando em torno de 12 horas por dia. Talvez é uma situação que não faça sentido para muitos, mas foi muito importante para meu amadurecimento.

Porém, logo em seguida em comecei o mestrado, ganhando uma bolsa de 1500 reais, que foi quando eu abri mão desses empregos. No meio do mestrado eu resolvi abrir minha empresa de cursos pois eu já era influencer digital e já tinha tido uma experiência como docente no ensino superior dando aulas de bioquímica. A vontade de empreender surgiu durante essa experiência na docência, onde despertou uma vontade de aplicar uma metodologia de ensino diferente do tradicional e alcançar mais pessoas do que eu alcançava ali na sala de aula. Hoje estou muito feliz e realizado com o meu trabalho, com o destaque que a cursau está ganhando. Com certeza estou vivendo muito além do que eu esperava. E tem uma frase que eu gosto muito que é “pessoas comuns fazem coisas extraordinárias”. Só de estar aqui conversando com vocês hoje já sinto que tudo valeu a pena.

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Como você acha que o analista clínico é útil para sociedade?

O analista clínico é útil de diversas maneiras, especialmente no diagnóstico de doenças. No laboratório nós utilizamos reagentes, equipamentos e diversos materiais para obter uma resposta que vai dar algum tipo de desfecho para o paciente. Esses desfechos podem ser a cura, a morte ou a cronificação da doença. Independente do que acontece, os resultados encontrados nos exames laboratoriais vão guiar esses desfechos. E isso é muito bonito no meu ponto de vista. Por isso, na minha opinião o biomédico não é um profissional que fica nos bastidores porque esse processo faz parte de uma grande orquestra, não sendo só útil como também necessário.

Seu contato com as redes sociais, se tornando um grande influenciador no campo da biomedicina, iniciou quando?

Se iniciou no meu segundo ano da faculdade, há muitos anos. O que me motivou foi sempre ouvir as pessoas perguntando o que era a biomedicina, o que fazia um biomédico e aquilo que todos vocês estão acostumados a ouvir. E foi ai que surgiu a ideia de criar uma página no facebook para compartilhar o meu dia-a-dia, minha rotina, e os desafios que eu enfrentava de forma bem honesta. Isso de certa forma fez as pessoas se conectarem comigo e permanecerem comigo até hoje. Atualmente eu considero um hábito compartilhar a minha vida na internet.

As redes sociais fez diferença na sua carreira? De quais formas?

Sim, e não só na minha como vai fazer na de todos vocês também. A partir do momento em que você está em uma rede social, você está exposto e está sendo visto por empregadores. A diferença é que eu estou exposto a mais pessoas. No meu caso sim, as redes sociais alavancaram muito minha carreira, me fizeram ser visto e ouvido e me deram muitas oportunidades. Consequentemente os contatos vão surgindo e as coisas vão acontecendo.

Então eu sugiro que todos tenham LinkedIn, tenham redes sociais ativas porque muitas vezes a oportunidade pode surgir de onde a gente menos espera. E se você está sendo visto, possivelmente vão te conhecer e se lembrar de você porque você está se movimentando e tendo uma presença digital. As janelas estão abertas o tempo todo, basta você estar ali pronto para receber a oportunidade.

Deixe um conselho para os biomédicos e futuros biomédicos, em especial, para os que querem atuar na análises clínicas.

O meu conselho é: não se contente apenas com o que a faculdade tem a oferecer. Não se contente em só acordar, ir para faculdade ou para um trabalho que você não gosta e ficar repetindo esse ciclo. Portanto, batalhe para ter um bom currículo, boas referências, bons cursos e treinamentos, e o mais importante, faça muito network! Essa é uma palavra que está muito em alta e que diz muito sobre a importância da comunicação, conexões e sobre ser visto. Portanto, mostre seu trabalho porque sempre tem alguém vendo e muitas vezes pode ser a pessoa certa.

Finalizo então dizendo que a análises clínicas não é uma área para todos, apesar de ser uma área em que muitos saem habilitados da faculdade. É para quem tem vocação, disciplina, para quem é curioso e quem gosta de encontrar respostas para perguntas que muitas vezes não foram feitas.