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Prevalência e incidência: qual a diferença?

Na epidemiologia, os conceitos de prevalência e incidência são fundamentais para a compreensão da dinâmica das doenças em uma população. Tenho certeza que você já estudou esses conceitos na faculdade mas provavelmente não se lembra do siginificado deles. Posto que esses termos ajudam a quantificar a frequência com que uma doença ocorre e são essenciais para a formulação de políticas de saúde pública, hoje vamos relmebrá-los. Embora relacionados, prevalência e incidência medem aspectos diferentes da ocorrência de doenças, sendo importante diferenciá-los corretamente.

O que é prevalência?

Em suma, a prevalência refere-se ao número total de casos de uma doença ou condição em uma população específica em um determinado período de tempo. Ela inclui tanto os casos novos quanto os já existentes. É uma medida de “estoque” da doença em um ponto específico ou em um intervalo de tempo, fornecendo uma visão instantânea do quão comum é a condição naquela população.

Existem dois tipos de prevalência:

  • Prevalência pontual: Mede o número de casos existentes em um ponto específico no tempo. Por exemplo, se quisermos saber quantas pessoas em uma cidade estão com diabetes no dia 1º de janeiro de 2024, estaríamos calculando a prevalência pontual de diabetes.
  • Prevalência de período: Refere-se ao número de casos de uma doença em uma população durante um intervalo de tempo definido, como uma semana, um mês ou um ano. Por exemplo, se quisermos saber quantas pessoas tiveram hipertensão durante o ano de 2024, estaríamos calculando a prevalência de período.

A prevalência é útil para entender a carga de uma doença em uma população, ajudando a planejar os serviços de saúde e a alocar recursos. No entanto, ela não distingue entre novos casos e casos antigos, o que pode limitar sua aplicabilidade, como no estudo da propagação de doenças infecciosas.

O que é incidência?

A incidência mede o número de novos casos de uma doença que surgem em uma população específica durante um determinado período de tempo. Diferentemente da prevalência, que inclui todos os casos (antigos e novos), a incidência foca exclusivamente nos casos novos, sendo uma medida de “fluxo” da doença. Ou seja, a incidência mostra o risco de uma pessoa contrair a doença em um intervalo de tempo específico.

Existem dois tipos de medidas de incidência:

  • Incidência cumulativa: Refere-se à proporção de indivíduos que desenvolvem a doença ao longo de um período de tempo. É geralmente usada em estudos de coorte, onde se observa um grupo de pessoas inicialmente saudáveis e se mede quantas desenvolveram a condição ao longo do tempo.
  • Taxa de incidência ou densidade de incidência: Calcula o número de novos casos por unidade de tempo e é mais precisa quando há variações no tempo de observação das pessoas.

Essa medida é particularmente útil em estudos de doenças agudas, surtos ou na avaliação de intervenções, pois oferece uma noção mais clara da velocidade com que uma doença se espalha.

Diferenças práticas entre prevalência e incidência

A prevalência é mais adequada para avaliar doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, pois esses casos tendem a permanecer na população por um período prolongado. Por outro lado, a incidência é mais útil para doenças de curta duração ou emergentes, como a gripe ou a COVID-19, pois mede a frequência de novos casos ao longo do tempo.

Por exemplo, uma doença com alta incidência mas baixa prevalência pode ser algo como um resfriado comum: muitas pessoas a adquirem (alta incidência), mas ela não persiste por muito tempo (baixa prevalência). Já uma doença com baixa incidência, mas alta prevalência, pode ser uma condição crônica como a hipertensão, que se acumula na população ao longo do tempo, com poucos novos casos aparecendo em curto prazo.

Por fim, tanto a prevalência quanto a incidência são ferramentas importantes na epidemiologia, mas servem a propósitos diferentes. Compreender essas medidas é crucial para o planejamento eficaz em saúde pública e controle de doenças.

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Referência bibliográfica:

FLETCHER, G. S. Epidemiologia clínica: elementos essenciais. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2021.