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Como ocorre a implantação?

O processo de implantação e a formação do blastocisto são etapas críticas do desenvolvimento embrionário, ocorrendo nos primeiros dias após a fertilização e sendo essenciais para o sucesso da gestação. Esses eventos se dão aproximadamente na primeira semana após a concepção e marcam a transição do embrião de uma fase de desenvolvimento precoce para sua integração ao endométrio do útero materno. Vamos ver em detalhes como esses processos ocorrem.

Formação do Blastocisto

Após a fecundação, processo já descrito nesse post, forma-se o zigoto. Em seguida, ele inicia um processo de segmentação ou clivagem, no qual se divide em várias células chamadas blastômeros. Essa clivagem ocorre à medida que o zigoto se desloca pelas trompas de falópio em direção ao útero. Inicialmente, as células resultantes são totipotentes, ou seja, cada uma delas tem a capacidade de formar um organismo completo.

No estágio de 16 a 32 células, o embrião é chamado de mórula. A mórula, por sua vez, continua a se dividir e, entre o quarto e quinto dia após a fecundação, ocorre um processo de diferenciação celular. Uma cavidade cheia de líquido começa a se formar dentro da mórula, levando à formação do blastocisto. O blastocisto é composto por duas populações celulares distintas:

  1. Trofoblasto: a camada externa de células, responsável pela formação da parte embrionária da placenta e que desempenha um papel fundamental na adesão ao endométrio durante a implantação.
  2. Embrioblasto: um grupo de células localizado no polo do blastocisto, que dará origem ao embrião propriamente dito, além de estruturas extraembrionárias, como o saco vitelino e o âmnio.

No centro, o blastocisto apresenta uma cavidade chamada blastocele, cheia de líquido. Essa estrutura é crucial para o processo de implantação no útero materno.

Implantação do blastocisto

O processo de implantação ocorre aproximadamente entre o 6º e o 10º dia após a fertilização. Nesse momento, o blastocisto já está completamente formado e pronto para se fixar ao endométrio, a mucosa que reveste o útero e que se torna mais espessa durante o ciclo menstrual, preparando-se para acolher o embrião.

A implantação pode ser dividida em três fases:

  1. Aproximação: O blastocisto chega à cavidade uterina por volta do quinto ou sexto dia após a fertilização. As células do trofoblasto no polo embrionário do blastocisto entram em contato com o epitélio do endométrio, iniciando a adesão inicial.
  2. Aderência: Nesta fase, o trofoblasto se diferencia em duas camadas: o citotrofoblasto, que é a camada interna de células, e o sinciciotrofoblasto, uma camada externa multinucleada. O sinciciotrofoblasto é responsável pela invasão do endométrio. Ele secreta enzimas proteolíticas que permitem ao embrião invadir o tecido endometrial. O endométrio, por sua vez, responde a essa invasão, secretando substâncias que promovem a adesão.
  3. Invasão: O sinciciotrofoblasto começa a se aprofundar no endométrio, invadindo-o. Este processo é essencial para o estabelecimento da troca de nutrientes entre mãe e embrião. Ao mesmo tempo, o trofoblasto secreta o hormônio gonadotrofina coriônica humana (hCG), que mantém o corpo lúteo funcional e impede a menstruação, promovendo a sustentação hormonal da gravidez inicial.

Desenvolvimento Pós-Implantação

Após a implantação, o trofoblasto continua a se desenvolver, contribuindo para a formação das vilosidades coriônicas, que mais tarde se diferenciarão na placenta, a estrutura responsável por garantir a nutrição, oxigenação e remoção de resíduos do embrião. A massa celular interna, por sua vez, começa a se diferenciar em duas camadas: o hipoblasto e o epiblasto, formando o disco bilaminar, que posteriormente dará origem ao embrião em si.

A formação do blastocisto e sua implantação no endométrio são processos altamente coordenados e críticos para o sucesso da gestação. Qualquer anormalidade nesses estágios pode resultar em falhas na implantação, perda precoce da gravidez ou complicações no desenvolvimento embrionário.

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Referência bibliográfica:

MOORE, Keith L.; TORCHIA, Mark G.; PERSAUD, T.V.N.. Embriologia clínica. 11. ed RIO DE JANEIRO: Grupo GEN, 2021, 470 p.

SADLER, T. W. Langman: embriologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.