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Como o blastocisto se forma?

O desenvolvimento embrionário humano é um processo altamente orquestrado e fascinante que se inicia com a fertilização do óvulo pelo espermatozoide. Após esse encontro, uma série de divisões celulares e diferenciações ocorre rapidamente, culminando na formação de uma estrutura essencial chamada blastocisto. Esse estágio representa um marco fundamental no início da vida embrionária, sendo crucial para a implantação do embrião no útero e o estabelecimento da gestação. Mas afinal, como o blastocisto se forma?

1. Da fecundação à mórula: as divisões iniciais

Tudo começa com a fecundação, geralmente ocorrendo na ampola da tuba uterina. A fusão dos gametas forma o zigoto, uma célula totipotente que contém o material genético combinado dos pais. Aproximadamente 24 horas após a fecundação, o zigoto inicia uma série de divisões mitóticas rápidas chamadas clivagens, produzindo células menores chamadas blastômeros.

Durante os três primeiros dias, essas clivagens ocorrem sem aumento no volume total do embrião, o que significa que as células ficam progressivamente menores. Por volta do terceiro dia, o embrião atinge o estágio de mórula, uma esfera compacta contendo cerca de 16 a 32 blastômeros. A compactação celular promovida por junções de adesão intercelulares torna essa massa mais coesa e é essencial para os eventos subsequentes de diferenciação.

2. Formação da cavidade blastocística

A transição da mórula para o blastocisto ocorre entre o quarto e o quinto dia após a fecundação. Nesse momento, ocorre um fenômeno chave: a formação da cavidade blastocística, também chamada de blastocele. Esse processo se inicia com o transporte ativo de íons sódio (Na⁺) pelas células da periferia da mórula, promovendo o acúmulo de água dentro da estrutura embrionária por osmose. O fluido acumulado empurra os blastômeros para as extremidades, criando uma cavidade central preenchida por líquido.

Com o surgimento da blastocele, o embrião passa a ser chamado de blastocisto. Ele agora apresenta uma organização mais complexa, composta por dois grupos celulares distintos e uma cavidade central bem definida.

3. Componentes do blastocisto

O blastocisto é composto por três partes principais:

  • Trofoectoderma (ou trofoblasto): é a camada celular mais externa, que envolve o blastocisto. Essas células futuramente contribuirão para a formação da placenta e outros anexos embrionários. Além disso, o trofoblasto é responsável por interações iniciais com o endométrio uterino, sendo essencial para a implantação.
  • Massa celular interna (ou embrioblasto): é um grupo compacto de células localizadas em um dos polos do blastocisto, geralmente chamado de polo embrionário. Essas células são pluripotentes e darão origem ao embrião propriamente dito, bem como a algumas estruturas extraembrionárias.
  • Blastocele: é a cavidade preenchida por líquido que separa o embrioblasto do trofoblasto, contribuindo para a distribuição das células e o suporte mecânico durante o desenvolvimento.

4. Eclosão do blastocisto

Antes que o blastocisto possa se implantar na parede uterina, ele precisa escapar da zona pelúcida, uma camada glicoproteica que envolve o óvulo desde antes da fecundação. Esse processo, conhecido como eclosão do blastocisto, ocorre por volta do sexto dia. A pressão exercida pelo aumento do volume da blastocele, associada à atividade enzimática do trofoblasto, leva ao rompimento da zona pelúcida, permitindo que o blastocisto entre em contato direto com o epitélio endometrial.

A partir desse ponto, o embrião está pronto para iniciar o processo de implantação, que garante a fixação e nutrição necessárias ao desenvolvimento contínuo do embrião.

5. Importância clínica e científica

A formação do blastocisto tem grande importância clínica, especialmente nas técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV). Em muitos casos, os embriões são cultivados até o estágio de blastocisto antes de serem transferidos para o útero, uma vez que esse estágio indica maior competência de desenvolvimento e melhor sincronização com o endométrio.

Do ponto de vista científico, o blastocisto também é de interesse por conter células-tronco embrionárias (do embrioblasto), amplamente utilizadas em pesquisas sobre desenvolvimento, regeneração tecidual e medicina personalizada.

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