Saúde mental: uma abordagem científica
O estudo da mente, é uma área essencial que explora como nossos pensamentos, emoções e comportamentos interagem e afetam nosso bem-estar. Hoje, as ciências que investigam a saúde mental têm avançado significativamente, incluindo desde as bases neurológicas até os impactos do ambiente social.
A biologia por trás da saúde mental
No nível biológico, a saúde mental envolve um complexo sistema de neurotransmissores e redes neuronais que influenciam significativamente nosso humor e comportamento. Substâncias químicas como a serotonina, a dopamina e o cortisol desempenham papéis cruciais na nossa modulação emocional. Por exemplo, baixos níveis de serotonina estão associados à depressão, enquanto o estresse crônico eleva os níveis de cortisol, um hormônio que, em excesso, pode prejudicar o sistema imunológico e aumentar a inflamação, contribuindo para transtornos de ansiedade e depressão.
A genética desempenha um papel importante, pois muitos transtornos mentais possuem uma base hereditária. Estudos de gêmeos e famílias (apesar de aqui já sabermos que não é o tipo de estudo de caso ideal) indicam que a predisposição para transtornos como esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão pode ser parcialmente genética, embora fatores ambientais também sejam determinantes. A epigenética estuda como o ambiente e as experiências de vida podem ativar ou desativar certos genes (ou seja, através de metilação do DNA), o que pode ajudar a explicar por que algumas pessoas desenvolvem determinada doença, enquanto outras, com base genética similar, não os manifestam.
Pesquisas em neuroimagem também ajudam a entender o funcionamento cerebral. Estudos mostram que certas áreas do cérebro, como a amígdala (relacionada ao processamento de emoções) e o córtex pré-frontal (ligado ao controle emocional e à tomada de decisões), apresentam diferenças estruturais e funcionais em pessoas que lidam com as condições citadas acima.
Fatores externos também interferem
Além dos fatores biológicos, temos as modulações que o próprio ambiente pode causar, nesta parte a ciência psicológica nos ajuda a entender como eventos da vida e fatores emocionais afetam a nossa saúde mental. Fatores como estresse crônico, traumas na infância e isolamento social são conhecidos como fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos mentais. Estudos mostram que o apoio social e as habilidades de enfrentamento são fatores protetores que ajudam a atenuar os efeitos do estresse e a manter o equilíbrio emocional.
Apesar de ser um tema por vezes banalizado, o impacto da saúde mental é global, sendo uma das principais causas de incapacidade no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 1 em cada 8 pessoas vive com uma condição que afeta seu bem estar emocional, o que mostra a importância de iniciativas de prevenção e tratamento em escala mundial. A compreensão científica desses fatores oferece um alicerce robusto para intervenções eficazes, ajudando a diminuir o estigma e melhorar o acesso a tratamentos de qualidade, como terapias baseadas em evidências, e avanços na farmacologia e psicoterapia. Somados, esses fatores ajudam milhões a lidar com os desafios diários dos transtornos mentais.
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Sapolsky, R. M. (2015). Why Zebras Don’t Get Ulcers: The Acclaimed Guide to Stress, Stress-Related Diseases, and Coping. Holt Paperbacks.
Phillips, M. L., Drevets, W. C., Rauch, S. L., & Lane, R. (2003). “Neurobiology of emotion perception II: Implications for major psychiatric disorders”. Biological Psychiatry, 54(5), 515-528.