Conheça o novo teste de DNA para diagnóstico de HPV

O câncer de colo do útero é uma das principais causas de morte entre mulheres no Brasil e no mundo, especialmente em regiões com menor acesso à prevenção e diagnóstico precoce. Tradicionalmente, o exame de Papanicolau (ou citologia oncótica) tem sido o método padrão para rastreamento dessa doença, permitindo a detecção de alterações celulares no colo do útero que podem evoluir para câncer. Porém, embora eficaz, o Papanicolau apresenta limitações, como a necessidade de coletas frequentes e uma sensibilidade menor para identificar infecções que ainda não causaram lesões visíveis. Pensando nisso, o Sistema Único de Saúde (SUS) está promovendo uma importante atualização na abordagem do rastreamento: a substituição gradual do Papanicolau pelo teste de DNA para o vírus do papiloma humano (HPV), uma técnica baseada em biologia molecular que detecta diretamente a presença do vírus causador da maioria dos casos de câncer cervical.

O que é o teste de DNA-HPV e como ele funciona?

O teste de DNA-HPV é realizado por meio da análise do material coletado do colo do útero, semelhante ao Papanicolau, mas utiliza a reação em cadeia da polimerase (PCR) para identificar a presença do material genético do HPV nas células. Isso significa que o exame não depende da observação de alterações celulares visíveis, mas sim da detecção precoce do vírus que, se presente, pode levar ao desenvolvimento de lesões pré-cancerosas e, posteriormente, ao câncer.

Essa capacidade de detecção antecipada é fundamental, pois o HPV pode infectar as células do colo do útero anos antes que qualquer modificação celular apareça. O teste consegue identificar infecções de alto risco com até 10 anos de antecedência, permitindo uma intervenção precoce e eficaz.

Quais são os principais benefícios dessa mudança?

  1. Maior sensibilidade e precisão
    O teste de DNA-HPV apresenta uma sensibilidade superior a 95%, o que significa que é muito mais eficaz em detectar as infecções de alto risco que podem levar ao câncer. Isso reduz a chance de resultados falso-negativos, ou seja, casos em que a infecção não seria detectada pelo exame.
  2. Redução da frequência dos exames
    Enquanto o Papanicolau tradicional recomenda exames a cada três anos para mulheres com resultados normais, o teste de DNA-HPV permite um intervalo maior entre as coletas, de cinco anos. Isso traz mais comodidade para as pacientes e reduz custos para o sistema de saúde.
  3. Prevenção de casos graves
    Com a detecção antecipada das infecções, o sistema de saúde pode realizar um acompanhamento mais rigoroso e intervenções precoces, diminuindo significativamente a incidência de casos avançados de câncer de colo do útero, que demandam tratamentos mais complexos e apresentam maior mortalidade.
  4. Redução de desigualdades regionais
    A adoção do teste de DNA-HPV no SUS é uma estratégia importante para uniformizar o acesso ao diagnóstico de alta qualidade em todo o país, especialmente em regiões menos assistidas, onde a mortalidade por câncer cervical é mais alta.

Como será a transição?

A implementação do teste de DNA-HPV como exame padrão será gradual, garantindo que as unidades de saúde estejam preparadas para oferecer o novo exame, com capacitação dos profissionais e ajustes logísticos. Espera-se que até 2026 o teste esteja amplamente disponível para as mulheres no Brasil dentro do SUS.

Essa mudança representa um avanço tecnológico e estratégico na luta contra o câncer de colo do útero, alinhando o Brasil com as melhores práticas internacionais em saúde pública.

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