Dominar e saber como executar um exame micológico no laboratório de microbiologia clínica é de extrema importância para um biomédico. Isso porque ele é uma importante ferramenta diagnóstica utilizada a fim de detectar infecções fúngicas ou micoses. Esse exame pode ser conduzidos de diversas maneiras, dependendo do tipo de amostra e do organismo suspeito. Vamos então aprender em detalhes como é realizado o exame micológico.

O primeiro passo do exame micológico consiste na coleta da amostra. Isso pode envolver a coleta de materiais como raspados de pele, cabelo, unhas, secreções corporais (como escarro ou secreção vaginal), fluido cefalorraquidiano, entre outros, dependendo da área afetada e da suspeita clínica. Todavia, é essencial que a amostra seja coletada de maneira asséptica para evitar contaminação por outros micro-organismos.

Logo depois, a amostra é encaminhada ao laboratório para processamento. O tipo de processamento e os testes realizados dependem do tipo de amostra e do agente patogênico suspeito. As técnicas mais comuns incluem:

Microscopia direta:

Nesta etapa, a amostra é examinada diretamente ao microscópio, muitas vezes após tratamento com reagentes específicos que auxiliam na visualização dos fungos. Isso permite a observação das características morfológicas dos fungos, como hifas, esporos, leveduras ou pseudomicélio. Dependendo da amostra, podem ser utilizados corantes como o azul de metileno ou o KOH (hidróxido de potássio) para melhorar a visualização.

Cultura fúngica:

Esta é uma etapa crucial para o isolamento e identificação precisa do fungo. Em suma, a amostra é inoculada em meios de cultura específicos, como o ágar Sabouraud, que fornecem as condições ideais para o crescimento dos fungos. Em seguida, as placas de cultura são incubadas geralmente entre 25-30°C, por várias semanas, permitindo o crescimento e a observação das características das colônias fúngicas. Por fim, a identificação pode ser feita com base nas características macroscópicas (como cor, textura e forma das colônias) e microscópicas (como a morfologia dos esporos ou das hifas).

Testes bioquímicos e moleculares:

Em alguns casos, especialmente quando a identificação do fungo não é conclusiva com base na morfologia, podem ser realizados testes bioquímicos ou moleculares para confirmar a identificação. Esses testes podem incluir então a análise da composição celular, a detecção de antígenos específicos do fungo ou a amplificação do DNA fúngico por técnicas como a PCR (reação em cadeia da polimerase).

Testes de sensibilidade a antifúngicos:

Finalmente, em casos de infecções graves ou recorrentes, pode ser necessário determinar a sensibilidade do fungo aos antifúngicos para orientar o tratamento. Isso é geralmente realizado primordialmente por métodos de diluição em caldo ou em placas de ágar, onde são testadas várias concentrações de antifúngicos para determinar a concentração mínima inibitória (CMI) que inibe o crescimento do fungo.

Após a conclusão dos testes, um relatório é elaborado pelo laboratório com o propósito de descrever os resultados obtidos, incluindo a identificação do fungo, se possível, e quaisquer informações relevantes sobre a sensibilidade aos antifúngicos. Este relatório é então enviado ao médico solicitante para auxiliar no diagnóstico e tratamento adequado do paciente.

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Referências bibliográficas:

TORTORA, Gerard J.; FUNKE, Berdell R; CASE, Christiane L. Microbiologia. 10 Porto Alegre: ArtMed, 2012, 934 p.