Células HeLa: a primeira linhagem celular imortal cultivada em laboratório
Se você é um estudante ou profissional da saúde, provavelmente você já ouviu falar sobre as células HeLa. Em primeiro lugar, precisamos entender que essa célula é derivada de células cancerosas de Henrietta Lacks e constituem a primeira linhagem celular imortal cultivada com sucesso em laboratório. Utilizadas há mais de 60 anos, inegavelmente, essas células são essenciais para o estudo da biologia humana e têm desempenhado um papel crucial em diversas descobertas científicas, incluindo a pesquisa sobre câncer, doenças infecciosas e o desenvolvimento de vacinas, como a vacina contra o poliovírus.
A história de Henrietta Lacks
Henrietta Lacks, uma mulher negra americana, foi diagnosticada com câncer no útero aos 31 anos e faleceu em 1951. Naquela época, os hospitais segregavam os atendimentos e não era comum pedir consentimento para a coleta e utilização de materiais biológicos dos pacientes. Então, durante uma biópsia, as células cancerosas de Henrietta foram coletadas e enviadas ao laboratório do Dr. George Gey. Surpreendentemente, essas células não morreram como outras células; em vez disso, elas dobravam de número a cada 20-24 horas.
Células normais vs. células HeLa
Em suma, as células normais passam por um processo de envelhecimento gradual, perdendo a capacidade de se replicar devido a mecanismos biológicos que culminam na apoptose (morte celular programada). Antes de mais nada, esse processo garante que as células danificadas ou velhas sejam eliminadas do organismo. No entanto, as células cancerígenas, como as células HeLa, escapam desses mecanismos de controle. Elas podem portanto se replicar indefinidamente, devido a mutações que alteram os mecanismos reguladores das células, permitindo que elas continuem a dividir-se sem limites.
Importância clínica
Antes das células HeLa, era inviável cultivar grandes grupos de células idênticas fora do organismo devido à rápida morte das células normais. As células HeLa se tornaram, sobretudo, indispensáveis para a pesquisa clínica, permitindo o teste de novos fármacos e outros experimentos que exigem a duplicação constante de células.
Bioética
No entanto, as células HeLa foram coletadas sem o consentimento de Henrietta Lacks e sua identidade permaneceu desconhecida por muito tempo, até mesmo para sua família. A história de Henrietta foi retratada no livro “A Vida Imortal de Henrietta Lacks”, de Rebecca Skloot, posteriormente adaptado para filme. Como resultado, hoje os comitês de ética são rigorosos e as práticas de pesquisa mudaram consideravelmente para garantir o respeito e os direitos dos indivíduos cujos materiais biológicos são utilizados na ciência.